domingo, 27 de abril de 2008

NASCIMENTO DO 17º ODU


Esù ÓjìsèbòUma História de Revelações e Sabedoria.Essa história revela o nascimento do 17o. Odù, como e de onde nasceu Òsetùwá, em decorrência, veremos a analise através de como Èsù se tornou Èsù Òsijè-Ebó, o transportador e encarregado de encaminhar as oferendas entre a terra e o òrun.Quem deveria consultar o porta-voz-principal-do-culto-de-Ifá; a nuvem esta pendurada por cima da terra...Bábálàwó dos tempos imemoriais;Os "siris" estão no rio; a marca do dedo requer Yèréòsùn (pó sagrado de Ifá).Estes foram os Bábálàwó que jogaram Ifá para os quatrocentos Irúnmolè, senhores do lado direito, e jogaram Ifá para os duzentos malè, senhores do lado esquerdo. E jogaram Ifá para Òsun, que tem uma coroa toda trabalhada de contas, no dia em que ele (Òsetùá) veio a ser o décimo sétimo dos Irùnmolè que vieram ao mundo, quando Òlódumàrè enviou os òrìsà, os dezesseis, ao mundo, para que viessem criar e estabelecer a terra.E vieram verdadeiramente nessa época. As coisas que Òlódumàrè lhes ensinou nos espaços do òrun constituíram nos pílares de fundação que sustentam a terra para a existência de todos os seres humanos e de todos os ebora. Olódumàrè lhes ensinou que quando alcançassem a terra, deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a de Orò, o Igbó Orò. Deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a a Eégún, o Igbó Eégún, que seria chamado Igbó Òpá. Disse que deveriam abrir uma clareira na floresta consagrando-a a Odù Ifá, o Igbó Odù, onde iriam consultar o oráculo a respeito das pessoas.Disse ele que deveriam abrir um caminho para os Òrìsà e chamar esse lugar de Igbó Òrìsà, floresta para adorar os òrìsà. Olódumàrè lhes ensinou a maneira como deveriam resolver os problemas de fundação (assentamento) e adoração dos ojóbo (lugares de adoração) e como fariam as oferendas para que não houvesse morte prematura, nem esterilidade, nem infecundidade, que não houvesse perda, nem vida paupérrima, não houvesse nada de tudo isso sobre a terra. Para que as doenças sem razão não lhes sobrevivessem, que nenhuma maldição caisse sobre eles, que a destruição e a desgraça não se abatessem sobre eles.Olódumàrè ensinou aos dezesseis òrìsà o que eles deveriam realizar para evitar todas as coisas. Ele os delegou e enviou à terra, a fim de executarem tudo isso. Quando vieram ao òde àiyé, a terra, fundaram fielmente na floresta o lugar de adoração de Orò, o Igbá Orò. Fundaram na floresta o lugar de adoração de Eégún. Fundaram na floresta o lugar de adoração de Ifá que chamamos Igbódù. Também abriram um caminho para os òrìsà, que chamamos igbóòòsa.Executaram todos esses programas visando a ordem.Se alguém estava doente, ele ia consultar Ifá ao pé de Òrúnmìlá. Se acontecia que Eégún poderia salvá-lo, dir-lho-iam. Seria conduzido ao lugar de adoração na floresta de Eégún ao Igbó-Igbàlè, para que ele fizesse uma oferenda para Egúngún. Talvez que um de seus ancestrais devesse ser invocado como Eégún, para que o adorasse, a fim de que esse Eégún o protegesse. Se havia uma mulher estéril, Ifá seria consultado, a respeito dela, a fim de que Orúnmìlà pudesse indicar-lhe a decocção de Òsun, que ela deveria tomar. Se havia alguém que estava levando uma vida de miséria, Orúnmìlà consultaria Ifá, a respeito dele. Poderia ser que Orò estivesse associado à sua própria entidade criadora. Orúnmìlà diria a essa pessoa que é a Orò que ela devia adorar. E ela seria conduzida à floresta de Orò.Eles seguiram essa prática durante muito tempo.Enquanto realizavam as diversas oferendas, eles não chamavam Òsun. Cada vez que iam a floresta de Eégún, ou à floresta de Orò, ou à floresta de Ifá, ou à floresta de Òòsà, a seu retorno, os animais que eles tinham abatido, fossem cabras, fossem carneiros, fossem ovelhas, fossem aves, entregavam-nos a Òsun para que ela os cozinhasse.Preveniram-na que quando ela acabasse de preparar os alimentos, não devia comer nenhum pouco, porque deviam ser levados aos Malè, lá onde as oferendas são feitas.Òsun começou a usar o poder das mães ancestrais - àse Iyá-mi - e a estender sobre tudo o que ela fazia esse poder de Iyá-mi-Àjé, que tornava tudo inútil.Se se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer, essa pessoa não deixava de morrer. Se fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria, a pessoa sobreviveria. Se se previsse que uma pessoa daria à luz um filho, a pessoa tornava-se estéril. Um doente a quem se dissesse que ele ficaria curado não seria jamais aliviado de sua doença.Essas coisas ultrapassavam seu entendimento, porque o poder de Olódumàre jamais tinha falhado. Tudo que Olódumàre lhes havia ensinado eles o aplicava, mas nada dava resultado. Que era preciso fazer ?Quando se congregaram numa reunião, Orúnmìlà sugeriu que, já que eles eram incapazes de compreender o que se estava passando por seus próprios conhecimentos, não havia outra solução senão consultar Ifá novamente.Em consequência, Orúnmìlà trouxe seu instrumento adivinhatório, depois consultou ifá. Contemplou longamente a figura do Odù que apareceu e chamou esse Odù pelo nome de òsetùá.Ele olhou em todos os sentidos. A partir do resultado definitivo de sua leitura, Orúnmìlà transmitiu a resposta a todos os outros Odù-àgbà. Estavam todos reunidos e concordaram que não havia outra solução para todos eles, os òrìsàs-irúnmàlè, senão encontrar um homem sábio e instruído que podesse ser enviado a Olódumàrè, para que mandasse a solução do problema e o tipo de trabalho que devia ser feito para o restabelecimento da ordem, a fim de que as coisas voltassem a normalizar-se, e nada mais interferisse em seus trabalhos.Ele, Orúnmìlà, deveria ir até a Olódumàrè. Orúnmìlà ergueu-se. Serviu-se de seus conhecimentos para utilizar a pimenta, serviu-se de sua sabedoria para tomar nozes de obi, despregou seu òdùn (tecido de ráfia) e o prendeu no seu ombro, puxou seu cajado do solo, um forte redemoinho o levou, e ele partiu até os vastos espaços do outro mundo para encontrar Olódumàrè. Foi lá que Orúnmìlà reencontrou Èsù Òdàrà. Èsù já estava com Olódumàrè. Èsù fazia sua narração a Olódùmarè. Explicava que aquilo que estava estragando o trabalho deles na terra era o fato de eles não terem convidado a pessoa que constitui a décima sétima entre eles. Por essa razão, ela estragava tudo, Olódumàrè compreendeu.Assim que Orúnmìlà chegou, apresentou seus agravos a Olódumàrè. Então Olódumàrè lhe disse que deveria ir e chamar a décima sétima pessoa entre eles e levá-la a participar de todos os sacrificios a serem oferecidos. Porque, além disso, não havia nenhum outro conhecimento que Ele lhes pudesse ensinar senão as coisas que Ele já lhes havia dito.Quando Orúnmìlà voltou à terra, reuniu todos os òrìsà e lhes transmitiu o resultado de sua viagem.Chamaram Òsun e lhe disseram que ela deveria segui-los por todos os lugares onde deveriam oferecer sacrificios. Mesmo na floresta de Eégún. Òsun recusou-se: ela jamais iria com eles. Começaram a suplicar a Òsun e ficaram prostrados um longo tempo. Todos começaram a homenageá-la e a reverênciá-la. Òsun os maltratava e abusava deles. Ela maltratava Òrìsànlá, maltratava Ògún, maltratava Orúnmìlà, maltratava Òsányín, maltratava Orànje, ela continuava a maltratar todo mundo. Era o sétimo dia, quando Òsun se apaziguou. Então eles disseram que viesse. Ela replicou que jamais iria, disse, entretanto, que era possível fazer uma outra coisa já que todos estavam fartos dessa história.Disse que se tratava da criança que levava no seu ventre. Somente se eles soubessem como fazer para que ela desse à luz uma criança do sexo masculino, isso significaria que ela permitiria então que ele a substituísse e fosse com eles. Se ela desse à luz uma criança do sexo feminino, podiam estar certos que esta questão não se apagaria em sua mente. Ficariam aí, pedaços, pedaços, pedaços. E eles deveriam saber com certeza que esta terra pereceria; deveriam criar uma nova. Mas se ela desse a luz a um filho-homem, isso queria dizer que, evidentemente, o próprio Olórun os tinha ajudado.Assim apelou-se para Òrìsàlá e para todos os outros òrìsà para saber o que deveriam fazer para que a criança fosse do sexo masculino. Disseram que não havia outra solução a não ser que todos utilizassem o poder - àse - que Olódumàrè tinha dado a cada um deles; cada dia repetidamente deveriam vir, para que a criança nascesse do sexo masculino, Todos os dias iam colocar seu àse - seu poder - sobre a cabeça de Òsun, dizendo o que segue."Você Òsun ! Homem ele deverá nascer, a criança que você traz em si!" Todos respondiam "assim seja", dizendo "tó!" acima de sua cabeça...Assim fizeram todos os dias, até que chegou o dia do parto de Òsun. Ela lavou a criança. Disseram que ela deveria permitir-lhes vê-la. Ela respondeu "não antes de nove dias". Quando chegou o nono dia, ela os convocou a todos. Esse era o dia da cerimônia do nome, da qual se originaram todas as cerimônias de dar o nome. Mostrou-lhes a criança, e a pôs nas mãos de Òrìsà. Quando Òrìsàálá olhou atentamente a criança e viu que era um menino, gritou: "Músò"...! (hurra...!). Todos os outros repetiram "Músò".....! Cada um carregou a criança, depois o abençoaram. Disseram "somos gratos por esta criança ser um menino". Disseram "que tipo de nome lhe daremos". Òrìsà disse: "vocês todos sabem muito bem que cada dia abençoamos sua mãe com nosso poder para que ela pudesse dar à luz uma criança do sexo masculino, e essa criança deveria justamente chamar-se À-S-E-T-Ù-W-Á (o poder trouxe ela a nós)" Disseram: "acaso você não sabe que foi o poder do àse, que colocamos nela, que forçou essa criança a vir ao mundo, mesmo se antes ela não queria vir à terra sob a forma de uma criança do sexo masculino? Foi nosso poder que a trouxe à terra". Eis por que chamaram a criança de Àsetùwà.Quando chegou o tempo, Orúnmìlà consultou o oráculo Ifá acerca da criança, porque todos devem conhecer sua origem e destino, colheram o instrumento de Ifá para consultá-lo. Eles o manipularam e o adoraram. Era chegado o momento de consultar Ifá a respeito dele, para saberem qual era seu Odù, para que o pudessem iniciar no culto de Ifá. Levaram-no à floresta de Ifá, que chamamos Igbódù, onde Ifá revelaria que Òsè e Òtùá eram seu Odù. Este foi o resultado que ele deu a respeito da criança. Orúnmìlà disse: "a criança que Òsè e Òtùá fizeram nascer, que antes chamamos de Àsetùwá", disse, "chamemo-la de Òsètùá". Foi por isso que chamaram a criança com o nome do Odù de Ifá que lhe deu nascimento, Òsètùá.Àsetùá era o nome que ele trazia anteriormente. Assim, a criança participou do grupo dos outros Odù, ao ponto de ir com eles a todos os lugares onde se faziam oferendas na terra. Foi assim que todas as coisas que Olódùmàrè lhes tinha ensinado deixaram de ser corrompidas. Cada vez que proclamavam que as pessoas não morreriam, elas realmente sobreviviam e não morriam. Se diziam que as pessoas seriam ricas, elas tornavam-se realmente ricas. Se diziam que a mulher estéril conceberia, ela realmente dava à luz. A própria Òsun deu a essa criança um nome nesse dia. Disse ela: "Osó a gerou (significando que a criança era filho do poder mágico), porque ela mesma era uma ajé e a criança que ela gerou é um filho homem. Disse ela: "Akin Osò", (Akin Osò: poderoso mago; homem bravo dotado de um grande poder sobrenatural) eis o que a criança será !É por isso que eles chamaram Òsetùá de Akin Osò, entre todos os Odù Ifá e entre os dezesseis òrìsà mais anciãos. Depois eles disseram que em qualquer lugar onde os maiores se reunissem, seria compulsório que a criança fosse um deles. Se não pudessem encontrar o décimo sétimo membro, não poderiam chegar a nenhuma decisão, e se dessem um conselho, não poderiam ratifica-lo.Finalmente, aconteceu! Sobreveio uma seca na terra. Tudo estava seco! Não havia nem orvalho! Fazia três anos que tinha chovido pela última vez. O mundo entrou em decadência. Foi então que eles voltaram a consultar Ifá, Ifà àjàlàiyé. (aquele que administra a terra) Quando Orúnmìlà consultou Ifá àjàlàiyé, disse que deveriam fazer uma oferenda, um sacrificio, e preparar a oferenda de maneira que chegasse a Olódùmàrè, para que Olódùmàrè pudesse ter piedade da terra, e assim não virasse as costas à terra e se ocupasse dela para eles. Porque Olódùmàrè não se ocupava mais da terra. Se isso continuasse, a destruição era inevitável, era iminente. Somente se pudessem fazer a oferenda, Olódumàrè teria sempre misericórdia deles. Ele se lembraria deles e zelaria pelo mundo.Foi assim que prepararam a oferenda. Eles colocaram, uma cabra, uma ovelha, um cachorro e uma galinha, um pombo, uma preá, um peixe, um ser humano e um touro selvagem, um pássaro da floresta, um pássaro da savana, um animal doméstico.Todas essas oferendas, e ainda dezesseis pequenas quartinhas cheias de azeite de dendê que eles juntaram nesse dia. E ovos de galinha, e dezesseis pedaços de pano branco puro. Prepararam as oferendas apropriadas usando folhas de Ifá, que toda oferenda deve conter. Fizerram um grande carrego com todas as coisas. Disseram então, que o próprio Èjì-Ogbè deveria levar essa oferenda a Olódumàrè. Ele levou a oferenda até as portas do òrun, mas não, lhe foram abertas. Èjì-Ogbè voltou à terra. No segundo dia Òyèkú-Méji a carregou, ele voltou. Não lhe abriram as portas. Ìwòrí-Méji levou a oferenda, assim fizeram Òdi-Méji; Ìrosùn-Méji; Òwórin-Méji; Òbàrà-Méji; Òkànràn-Méji; Ogúndá-Méji; Òsá-Méji; Ìká-Méji; Òtúrúpòn-Méji; Òtúá-Méji; Ìrètè-Méji; Òsè-Méji; Òfún-Méji. Mas não puderam passar, Olórun não abria as portas. Assim decidiram que o décimo sétimo entre eles deveria ir e experimentar o seu poder, antes que tivessem que reconhecer que não tinham mais nenhum poder.Foi assim que Òsetùá foi visitar certos Babaláwo, para que eles consultassem o oráculo para ele. Esses Babaláwo traziam os nomes de Vendedor-de-azeite-de-dendê e Comprador-de-azeite-de-dendê. Ambos esfregaram seus dedos com pedaços de cabaça. Jogaram Ifá para Akin Osò, o filho de Enìnàre (aquela que foi colocada na senda do bem) no dia em que ele conseguiu levar a oferenda ao poderoso òrun. Disseram que ele deveria fazer uma oferenda; disseram, quando ele acabasse de fazer a oferenda, disseram, no lugar a respeito do qual ele estava consultando Ifá, disseram, ali, ele seria coberto de honras, disseram, sucederá que a posição que ele ali alcançasse, disseram, essa posição seria para sempre e não desapareceria jamais.Disseram, as honras que ele ali receberia, disseram, o respeito, seriam intermináveis.Disseram: "Você verá uma anciã no seu caminho", disseram, "faça-lhe o bem". Assim, quando Òsetùá acabou de preparar a oferenda, seis pombos, seis galinhas com seis centavos e quando estava em seu caminho, ele encontrou uma anciã. Ele carregava a oferenda no caminho que levaria a Èsù, quando encontrou essa anciã na sua rota. Essa anciã era da época em que a existência se originou. Disse: "Akin Osò! à casa de quem vai você hoje ?" Disse: "eu ouvi rumores a respeito de todos vocês na casa de Olófin, que os dezesseis Odù mais idosos levaram uma oferenda ao poderoso òrun sem sucesso".Disse: "assim seja".Disse: "é sua vez hoje?''Disse: "é minha vez".Disse: "tomou alimentos hoje?"Respondeu ele: "eu tomei alimentos".Disse ela "quando você chegar a seu sitio, diga-lhes que você não irá hoje".Disse ela: "Esses seis centavos que você me deu", Disse: "há três dias não tinha dinheiro para comprar comida"Disse: "diga-lhes que você não ira hoje".Disse: "quando chegar amanhã, você não deve comer, você não deve beber antes de chegar ali".Disse: "você deve levar a oferenda". Disse: "todos esses que ali foram, comeram da comida da terra, essa é a razão por que Olórun não lhes abriu a porta!"Quando Òsetùá voltou a casa de Oba Àjàlàiyè, todos os Odù Ifá estavam reunidos lá. Disseram: "você deve estar pronto agora, é sua vez hoje de levar a oferenda ao òrun, talvez a porta seja aberta para você!" Disse ele que estaria pronto no dia seguinte, porque não tinha sido avisado na véspera.Quando chegou o dia seguinte, Òsetùá, foi encontrar Èsù e lhe perguntou o que deveria fazer.Èsù respondeu: "Como! Jamais pensei que você viria me avisar antes de partir". Disse ele: "isso vai acabar hoje, eles lhe abrirão a porta !" Perguntou ele: "Tomou algum alimento?" Òsetùá lhe respondeu que uma anciã lhe tinha dito na véspera que ele não devia comer absolutamente nada. Então Òsetùá e Èsù puseram-se a caminho. Partiram em diração aos portões do òrun.Quando chegaram lá, as portas já se encontravam abertas, encontraram as portas abertas. Quando levaram a oferenda a Olódùmarè e Ele examinou. Olòdumarè disse: "Haaa! Você viu qual foi o último dia que choveu na terra?! Eu me pergunto se o mundo não foi completamente destruido. Que pode ser encontrado lá?" Òsetùá não podia abrir a boca para dizer qualquer coisa. Olódùmarè lhe deu alguns "feixes"de chuva. Reuniu, como outrora, as coisas de valor do òrun, todas as coisas necessárias para a sobrevivencia do mundo, e deu-lhas. Disse que ele, Òsetùá, deveria retornar.Quando deixaram a morada de Olódumarè, eis que Òsetùá perdeu um dos "feixes" de chuva. Então a chuva começou a cair sobre a terra.Choveu, choveu, choveu, choveu....Quando Òsetùá voltou ao mundo, em primeiro lugar foi ver Quiabo. Quiabo tinha produzido vinte sementes. Quiabo que não tinha nem duas folhas, um outro não tinha mesmo nenhuma folha em seus ramos.Voltou-se em diração à casa do Quiabo escarlate, Ilá Ìròkò tinha produzido trinta sementes. Quando chegou a casa de Yáyáá, esse havia produzido cinquenta sementes. Foi então até à casa da palmeira de folhas exuberantes, que se encontrava na margem do rio Awónrin Mogún. A palmeira tinha dado nascimento a dezesseis rebentos. Depois que a palmeira deu nascimento a dezesseis rebentos ele voltou à casa de Oba Àjàlàiyé.Àse se expandia e se estendia sobre a terra. Sêmen convertia-se em filhos, homens em seu leito de sofrimento se levantavam, e todo o mundo tornou-se aprazível, tornou-se poderoso. As novas colheitas eram trazidas dos plantios. O inhame brotava, o milho amadurecia, a chuva continuava a cair, todos os rios transbordavam, todo mundo era feliz.Quando Òsetùá chegou, carregaram-no para montar num cavalo (signo de realeza: só os mais poderosos podem-se permitir a criar ou montar cavalos em País Yorùbá). Estavam mesmo a ponto de levantar o cavalo do chão para mostrar até que ponto as pessoas estavam ricas e felizes. Estavam de tal forma contentes com ele, que o cobriram de presentes, os que estavam em sua direita os que estavam em sua esquerda. Começaram a saudar Òsetùá: "Você é o único que conseguiu levar a oferenda ao òrun, a oferenda que você levou ao outro mundo era poderosa !Disseram, "sem hesitação, rápido, aceite meu dinheiro e ajude-me a transportar minha oferenda ao òrun! Òsetùá! Aceite rápido! Òsetùá aceite minha oferenda!" Todos os presentes que Òsetùá recebeu, os deu todos a Èsù Òdàrà. Quando os deu a Èsù, Èsù disse: "Como!" Há tanto tempo ele entregava os sacrificios, e não houve ninguém para retribuir-lhe a gentileza."Você Òsetùá! Todos os sacrificios que eles fizerem sobre a terra, se não os entregarem primeiro a você, para que você possa trazer a mim, farei que as oferendas não sejam mais aceitáveis".Eis a razão pela qual sempre que os Babaláwo fazem sacrificios, qualquer que seja o Odù Ifá que apareça e qualquer que seja a questão, devem invocar Òsetùá para que envie as oferendas a Èsù. Porque é só de sua mão que Èsù aceitará as oferendas para levá-las ao òrun. Porque quando Èsù mesmo recebia os sacrificios das pessoas da terra e os entregava no lugar onde as oferendas são aceitas, eles não demonstravam nenhum reconhecimento pelo que ele fazia por todos até o dia em que Òsetùá teve de carregar o sacrificio e Èsù foi abrir o caminho apropriado para o òrun, para alcançar a morada de Olódumàrè. Quando se abriram as portas para ele. A qualidade de gentileza que Èsù recebeu de Òsetùá era realmente muito valiosa para ele (Èsù). Então ele e Òsetùá decidiram combinar um acordo pelo qual todas as oferendas que deveriam ser feitas deveriam ser-lhe enviadas por intermédio de Òsetùá. Foi assim que Òsetùá converteu-se no entregador de oferendas para Èsù. Èsù Òdàrà, foi assim que ele se converteu em O portador de oferendas para Olódumàrè, Èsù Òsijé-Ebó, no poderoso òrun. É assim como este Itan (verso)

FECUNDAÇÃO DOS ODUS


HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OKARAN
OLURUM, através de OBATALÁ, fez o homem que era a sua própria imagem e o chamou ISELÉ.
Em razão de ISELÉ viver muito só, sentiu necessidade de uma companheira para poder procriar, procurou então OBATALÁ e narrou o seu pedido. OBATALÁ comovido chamou um EBORÁ dos mais puros e pediu que ajudasse ISELÉ naquilo que precisasse. O EBORÁ ao tomar conhecimento dos fatos não aceitou a determinação de OBATALÁ , revoltando-se. OBATALÁ então, mediante a insubordinação do EBORÁ, fez com que ele descesse para a grande profundeza da terra, arrastando consigo todos os pecados. No interior da terra, o EBORÁ encontrou uma pedra vermelha (laterita) e alimentou-a com um acaçá vermelho. Dali nasceu o ODU OKARAN, parido em conseqüência da revolta, desobediência e insubordinação.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU EJIOKO
OLODUMARE se achava em dificuldades na manutenção do equilíbrio entre o ÓRUN e o AIYÊ, em razão da sucessão de mentiras e falsidades que acabaram entrando em choque com a honestidade e firmeza de caráter de outros seres, tendo em conseqüência uma série de desavenças, guerras e até mesmo pequenos conflitos que passaram a ameaçar não só a paz e a harmonia dos dois mundos, mas também a própria existência do mundo material.
Resolveu então OLODUMARE consultar seu irmão e grande amigo, BABÁ ORUNMILÁ IFÁ, que o aconselhou a arriar uma oferenda na beira de um rio de água limpa, sobre um pedaço de pano branco, onde deveria colocar um acaçá vermelho para o ODU OXÊ e um acaçá branco para o ODU EGIONILE, duas cabaças com água no meio e duas lanças de ferro. Assim fez OLODUMARE e, no outro dia, ao retornar ao local da oferenda, encontrou um jovem garboso que dizia chamar-se ODU EGIOKO, tendo sido enviado por OLORUM, o DEUS DA CRIAÇÃO, para destruir o mal que afligia a terra, destruindo os falsos e mentirosos.
Este ODU diz ter sido portanto gerado por OXÊ e EGIONILE, não trazendo consigo qualquer espécie de pecado.
Fala na terceira casa do Oráculo de Ifá. Respondem Ogun e Obaluaiyê. É representado por três búzios abertos e treze fechados.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU ETAOGUNDÁ
Este Odu foi fecundado na areia da praia, com um pano branco, três chaves de ferro, três acaçás brancos, três acaçás vermelhos, três pedras de minério de ferro, três peixes corvina, três cavalos marinhos, três cocos secos, e três cabaças. O seu surgimento simboliza a abertura dos caminhos e exerce nos seres humanos grande influência nos rins, pernas e braços.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU IOROSSUN
OBATALÁ chamou por mais uma vez ISELÉ e mandou que raspasse uma madeira de cor vermelha para extrair um pó de nome ossum. Determinou que cravasse em um brejo quatro lanças de madeira, amarrada na ponta de cada lança uma cabaça e, colocasse no interior de cada uma das cabaças um pouco daquele pó, pedaços de pano vermelho e quatro argolas de cobre. Deste fato nasceu o Odu IOROSSUM, nascido sem pecado.
Do Odu IOROSSUM, surgiu NANÃ IBAIM, a primeira yabá, a mais velha de todas que se uniu com ÓDÙDÚWÁ. Desta união nasceu OXOSSE OKÉ que juntou-se à OXUM OLOKÉ, que não gera filhos. OXOSSE OKÉ então se une ä IANSAN. Esta gera dezesseis filhos que acabam sendo criados por OXUM OLOKÉ, dando origem à IBEJI. OXOSSE OKÉ, além de caçador, se torna sacerdote.
Da união de NANÃ IBAIM com ÓDÙDÚWÁ, nasce EXU OLÁ (rei de todos os Exus), OMULU, OXUMARÊ, IYEMONJÁ e OSSAYIN ABENEJI. OSSAYIN ABENEJI transforma-se na própria botânica, como SENHOR de todas as ervas.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OXÊ
Este Odu foi gerado de cinco espelhos e um pano bem alvo na beira do rio. Foi concebido sem pecado original. Desta concepção nasceu Oxum Gimun, a mais velha das Oxuns.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU IOROSSUN ODU OBARÁ
Este Odu representa a riqueza, foi gerado de um bloco de ouro. As suas arestas representam as riquezas.
O Odu OBARÁ fez a fecundação com EGILAXEBORÁ, de OBARÁ veio AGÉ, e de EGILAXEBORÁ nasceu ARAIUN, que por sua vez não vem na cabeça de ninguém e gerou doze Xangôs. AGÉ nada gerou.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU ODI
O Odu ODI se uniu ao Odu ETAOGUNDÁ. Desta união surgiu OMULU ORUEJE. Do Odu Odi nasceu OMULU JAGUM E OXUMARÉ. Do Odu ETAOGUNDÁ surgiu YEMANJÁ e ANIBUN; desses dois nasceu OGUN IOROMINAN ABALAJÚ, que deu origem a OGUN MEJEJÊ AJÁ (OGUN JÁ).
O Odu ODI foi fecundado com farofa d'água, metal branco, metal amarelo, ímã, sete guizos dourados e pedra de minério. Representa dores e embaraços.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU EJIONILÊ
ISELÉ recebeu de OLODUMARE a ordem de, no alto de um morro gramado, aos pés de uma palmeira, colocar uma grande cabaça aberta, com oito acaçás brancos, oito argolas de chumbo, oito pedras lisas brancas, oito búzios e sacrificar dentro da cabaça um animal de quatro patas, de cor branca. Dessa oferenda foi fecundado o Odu EGIONILÊ, e de sua fecundação nasceu KINAMAN, empregado fiel que sempre o acompanha.
A cor do Odu EGIONILÊ é branca, por este motivo, não se usa azeite de dendê, nem qualquer outra coisa de cores vermelha ou preta em suas obrigações.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OSSÁ
OBÁ OLOKUN, rei do mar, consultou sua esposa ILAKUN, rainha do mar, e a mesma falou da necessidade de um guerreiro para chefiar seu exército. O rei então procurou OLODUMARE para se aconselhar a respeito, tendo o mesmo lhe dito que o melhor seria construir um guerreiro com todas as qualidades desejadas, Disse para o rei colocar um pano azul, um pano vermelho, uma estrela do mar, nove barras de ferro e nove acaçás de leite de coco doce na beira do mar. Assim fez OBÁ OLOKUN. Naquela madrugada então foi fecundado um príncipe que surgiu armado com nove lanças, cavalgando um enorme cavalo marinho, dizendo chamar-se ODU OSSÁ MEJI, e nasceu com toda autoridade de um chefe de exército.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OFUN
OLORUN chamou ISELÉ para falar da necessidade da criação de um Odu que trouxesse paz e equilíbrio à terra. Mandou então ISELÉ pegar um efun e raspar sobre uma peça de prata numa folha de caapeba junto com um pedaço de cristal de rocha e que misturasse tudo com orvalho e neblina, colocando a mistura sobre um monte de areia no alto de um morro. No outro dia, ao raiar do sol, surgiu o Odu OFUN , gerado puro, sem pecado, trazendo com ele os Orixás OXOLUFAN e ODUDUWÁ.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OWARIN
OLODUMARE precisava de um empregado. Depois de tanto procurar e não encontrar, resolveu gerá-lo para dispor de seus serviços.
Em uma encruzilhada aberta, colocou pedaços de pano preto, vermelho e branco e sobre os panos, onze cabacinhas abertas cheias de mel e uma corrente de ferro com onze elos, uma garrafa de aguardente e onze búzios abertos. No dia seguinte surgiu o Odu OWARIN, que pariu EXU ÒLA, rei dos Exus, que passou a servir OLODUMARE em seus desejos.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU EJILAXEBORÁ
O Reino de OYÓ se achava em péssimas condições. As intempéries da natureza fustigavam o local trazendo pânico aos seus habitantes.
Um dos OBÁS de XANGÔ, condoído com a situação do povo, resolveu procurar um BABALAWÓ. Este, consultado, narrou ao OBÁ que a ira de OLODUMARE castigava aquele reinado e que havia necessidade de fazer oferendas. Voltando ao Reino, o OBÁ falou com os outros OBÁS e estes por sua vez resolveram fazer a tal oferenda. Acenderam uma enorme fogueira e próximo a ela colocaram uma gamela de madeira com doze quiabos, doze pedrinhas brancas, um par de chifres de carneiro, doze argolas de cobre, doze xéres, doze oxês, doze ímãs, doze favas de alibé, tudo sobre doze punhados de areia do mar. No dia seguinte, quando a fogueira se apagou, surgiu um belo príncipe que ao ser indagado disse chamar-se EGILA XEBORÁ, nascendo com ele XANGÔ ARAUREM (hoje não mais cultuado) que gerou LOGUN-EDÉ.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU EJIOLIGBAN
Uma IYAMI AJÉ, Mãe feiticeira, habitante de uma lagoa de água doce, sentindo-se muito só, viu a necessidade de criar para si uma companhia.
Sobre uma pedra no meio da lagoa, forrou um pano azul e um pano vermelho, sobre os panos colocou uma panela de barro, treze cabacinhas, treze pinhas, treze argolas de cobre, um obi, um orobô, treze bandeirolas brancas, treze eguidis, treze ikos, treze vinténs de cobre e treze ímãs, cobrindo tudo com palha da costa.
No amanhecer do outro dia, coberto pelos primeiros raios do sol, surgiu um ser trazendo em suas mãos uma foice de metal e disse chamar-se Odu EGILIOGBAN, filho de IYAMI AJÉ em conseqüência trazendo consigo AJÉ, o que o tornava perigoso, mensageiro das calamidades da morte.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU IKÁ
A fecundação histórica deste Odu fala que seu aparecimento foi para destruir ISELÉ, ele significa a destruição do homem ou sua ascensão.
ISELÉ, achou-se muito importante perante ORUNMILÁ, motivo pelo qual foi destruído por IKÁ.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU OBEOGUNDÁ
Este Odu é feminino, foi gerado de acaçás brancos e amarelos, próximo de uma montanha de minério de ferro. Veio pôr fim a uma guerra entre irmãos.
HISTÓRIA DA FECUNDAÇÃO DO ODU ALÁFIA
ALÁFIA significa a parte positiva de cada Odu, quando se faz uma súplica à ORUNMILÁ, quer dizer que se está fazendo pedido a uma força superior. Este Odu foi gerado sem pecado original. ção

domingo, 20 de abril de 2008

ODUDUWA


ODUDUWA
Oduduwa é um Orixá sobre o qual existe muita discordância dos adeptos do culto. Se Oxalá representa o princípio masculino-ativo da criação, Oduduwa é a representação do princípio feminino-passivo, do qual surge a vida após o processo de "fecundação".
Oduduwa é um Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Oxalá, embora seja, em princípio, sua irmã.
Uma grande controvérsia foi criada em torno deste Orixá colocando em dúvida não somente o seu gênero, como também seu status no complexo teogônico desta religião.
Oduduwa um Orixá-Funfun feminino ou um ancestral masculino divinizado por seus feitos notáveis?
Segundo determinadas correntes mais atreladas às explicações científicas que às filosóficas, Oduduwa teria sido o fundador de Ifé, capital espiritual do povo Yoruba e fundador da dinastia que deu origem à esta etnia.
Fonseca Júnior propõe para o nome de Oduduwa a seguinte análise etimológica: Odu-(ti-o): recipiente auto-gerador; Da: Criador(a); Iwa: Existência: Oduduwa; O Ser Criador da Existência Terrena.
É o mesmo autor que, em referência a Oduduwa (personagem histórico), apresenta a seguinte teoria: "...presume-se que Oduduwa teria ido para a África a mando de Olodumare (Jeovah), para redimir os descendentes de Caim (Hetentotes) que, a semelhança de seu ancestral, carregavam o sinal da Besta na testa. (Gen.4,cap.15/16)". Mais adiante, Fonseca Jr. explica:
2 - Após o pacto semelhante ao que foi feito entre Deus e Abraão, Ninrod troca de nome passando a chamar-se Oduduwa;
3 - Oduduwa (Ninrod), filho de Olodumare (Jeovah), parte para a terra prometida. (Vide Gênesis, 12-1/2/3; Gen.17-4/5/6;
4 - Ninrod era descendente de Noé, neto de Cam (Camita) e filho de Cusi (kusi). (Gen.10-8/9);
5 - Abrahão (ex-Abrão), descendente de Sem (Semita) e Oduduwa (ex-Ninrod), descendente de Cam (Camita), eram parentes.“2
A explicação de Fonseca Júnior parece aumentar ainda mais a confusão que teria sido gerada, segundo nos parece, num simples caso de homonímia verificado quando o personagem histórico (masculino), fundador de Ile Ifé, resolveu adotar, quiçá por determinação religiosa, o nome do Orixá (feminino) a quem é atribuída a "fundação" da Terra em que habitamos. A tradição cuidou de alimentar a confusão, existindo ainda hoje em Ile Ifé, um marco monolítico adornado de misteriosos sinais, denominado "Opá Oraniyan" que acredita-se, demarque o local exato da fundação da Terra. O mesmo monumento serve de túmulo a Oraniyan, rei dos yorubanos, bisneto de Oduduwa e pai de Xangô e de Ajaká.
Pierre Verger toma posição diante da questão, afirmando ser Oduduwa ..."um personagem histórico, guerreiro terrível, invasor e vencedor dos Igbo, fundador da cidade de Ile Ifé e pai de reis de diversas nações yorubas" .3
Segundo Verger, foi o Padre Baudin que primeiro classificou, em seu livro sobre religiões de Porto Novo, Oduduwa como Orixá, sendo posteriormente seguido nesta teoria por ..."compiladores encabeçados pelo tenente-coronel A.E. Ellis... A obra de Ellis foi o ponto de partida de uma série de livros escritos por autores que se copiaram uns aos outros..."
Verger confessa comungar da opinião do Reverendo Bolaji Idowu quando este afirma que "Oduduwa tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito do culto dos ancestrais (e não das divindades)".
Para reforçar ainda mais sua tese, o cientista continua: "A respeito de Oduduwa, acumulou-se com o tempo, uma vasta documentação escrita, tida como erudita porque é constituída de textos, a única valiosa aos olhos dos letrados, mesmo que estes textos estejam inspirados por escritos anteriores, inexatos e contrários à verdade". 4
O que o grande mestre francês esqueceu-se de citar seria talvez, a primeira pista esclarecedora, quando o próprio Idowu, na mesma obra, relata que "Até mesmo em Ile Ifé onde predominam os cultos às divindades masculinas, existe na liturgia, fortes indícios de tratar-se de uma Deusa, uma Divindade Feminina. Em alguns pontos esclarecedores desta liturgia, pode-se encontrar o termo "Iya Male" (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)... 5
..."Em Adó, Oduduwa é irrefutavelmente uma Deusa... e parte da liturgia começa desta forma:
Iya dakun gba wa o; - Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;
ki o to ni to mo; - olhai por nós, olhai por nossos filhos;
ogbebi l'Adó ! - Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!" 6
O pequeno detalhe omitido é suficiente para concluirmos que existe na verdade, um culto a um Orixá denominado Oduduwa e que este Orixá é feminino, o que vem a coincidir com nossa opinião.

OXALA/OBATALA


OXALA/OBATALA



Considerado como a mais importante Divindade no contexto religioso, Oxalá é cultuado em todo o território de cultura yorubana, com nomes diversos que variam de uma região para outra. Em Ile Ifé, Ibadan e outras localidades é conhecido como Orixan'la; na região de Ogbomosó é chamado de Orixá Pópó; em Ejigbo, Orixá Ogiyán; em Ijàyie, Orixá Ijàiye; em Ugbo, Orixá Onilé.
Oxalá é o Orixá do Branco, símbolo da pureza incontestável. Detentor do princípio genitor masculino, qualquer oferenda a ele dedicada deve ser composta de elementos inteiramente brancos.
É Juana Elbein dos Santos quem afirma que "O obí, a oferenda por excelência para os Funfun, é o obí ifin, o obí branco; todos os animais, aves ou quadrúpedes, devem ser dessa cor. O sangue vegetal é simbolizado pelo ori, manteiga vegetal, e pelo algodão; o sangue mineral pelo giz e o chumbo. Sua oferenda preferida é o sangue branco do igbin (caracol), equiparado ao sêmen, do qual os Irunmale da direita são os detentores por excelência." 1
Dentre as principais atribuições de Oxalá, está o completo domínio sobre a vida e a morte representado pelo "alá" - emblema-símbolo composto de um pano de brancura imaculada que mantém estendido, como forma de proteção, sobre as diversas formas de vida que ocorrem nos dois planos de existência. Oxalá é o Sopro Divino, a primeira manifestação individualizada de Olorun, que dá início a todo o processo da existência diferenciada.

OLORUN, OLODUMARE,OLOFIN



OLORUN, OLODUMARE, OLOFIN - OS NOMES DE DEUS.
Segundo a filosofia religiosa africana, O Criador encontra-se em plano tão superior em relação aos seres humanos e, é de tal forma inexplicável e incompreensível, que inútil seria manter-se um culto específico em sua honra e louvor, já que o Absoluto não pode ser alcançado pelo ser humano em decorrência de suas limitações e imperfeições.
Olorun é o nome mais comumente usado para designar a Divindade Suprema, e esta preferência de uso está ligada à sua aceitação por parte dos islamitas e dos cristãos, que adotaram-no como sinônimo, tanto de Alá, quanto de Jeová.
O termo é fácil de ser analisado e traduzido, uma vez que se compõe de duas palavras apenas: “Ol" de Oni (dono, senhor, chefe) e "Orun" (céu, mundo onde habitam os espíritos mais elevados), formando "Olorun" - Chefe, Proprietário ou Senhor do Céu.
O termo "Olodumare" propõe uma idéia mais completa e de maior significado filosófico. Desmembrando a palavra, encontramos os seguintes componentes: "Ol”, “Odú" e "Mare", que passamos a analisar separadamente.
O prefixo "Ol" resulta da substituição, pelo "l" das letras "n" e "i" da palavra "Oni" (dono, senhor, chefe), prefixo utilizado, modificado, ou em sua forma original, para designar o domínio de alguém sobre alguma coisa (propriedade, profissão, força, aptidão, etc.). Ex.: "Olokun" - Senhor dos Oceanos.
O termo intermediário "Odu", possui diversos significados, dependendo das diferentes entonações na sua pronúncia, que no caso é "ôdu" e que reunido ao prefixo "ol", resulta em "Olodu", cujo significado é: "Aquele que possui o cetro ou a autoridade", ou ainda: "Aquele que é portador de excelentes atributos, que é superior em pureza, grandeza, tamanho e qualidade".
A última palavra componente "mare" é, por sua vez, o resultado do acoplamento de dois termos "ma" e "re", imperativo que significa: "não prossiga", "não vá". A advertência contida no termo, faz referência à incapacidade do ser humano, inerente à sua própria limitação, de decifrar o supremo e sagrado mistério que envolve a existência da Divindade.
Olofin é também uma das designações da Divindade suprema. Quando em extrema aflição, os nagôs costumam solicitar o auxílio divino, invocando os três nomes: Olorun! Olofin! Olodumare

quinta-feira, 17 de abril de 2008

aje salunga


AJÉ SALUGA
Ajê Salugá é a irmã mais nova de Yemoja. Ambas são as filhas prediletas de Olokun. Quando a imensidão das águas foi criada, Olokun dividiu os mares com suas filhas e cada uma reinou numa diferente região do oceano. Ajê Salugá ganhou o poder sobre as marés. Eram nove as filhas de Olokun e por isso se diz que são nove as Iyemojas. Dizem que Iyemoja é a mais velha Olokun e que Ajê Salugá é a Olokun caçula, mas de fato ambas são irmãs apenas. Olokun deu às suas filhas os mares e também todo o segredo que há neles. Mas nenhuma delas conhece os segredos todos, que são os segredos de Olokun. Ajê Salugá era, porém, menina muito curiosa e sempre ia bisbilhotar em todos os mares. Quando Olokun saía para o mundo, Ajê Xalugá fazia subir a maré e ia atrás cavalgando sobre as ondas. Ia disfarçada sobre as ondas, na forma de espuma borbulhante. Tão intenso e atrativo era tal brilho que às vezes cegava as pessoas que olhavam. Um dia Olokun disse à sua filha caçula:"O que dás para os outros tu também terás, serás vista pelos outros como te mostrares.Este será o teu segredo, mas sabe que qualquer segredo é sempre perigoso".Na próxima vez que Ajê Salugá saiu nas ondas, acompanhando, disfarçada, as andanças de Olokun,Seu brilho era ainda bem maior, porque maior era seu orgulho, agora detentora do segredo.Muitos homens e mulheres olhavam admirados o brilho intenso das ondas do mar e cada um com o brilho ficou cego.Sim, o seu poder cegava os homens e as mulheres.Mas quando Ajê Salugá também perdeu a visão, ela entendeu o sentido do segredo.Iyemoja está sempre com ela, Quando sai para passear nas ondas.Ela é a irmã mais nova de Iyemoja.
Este itan descreve a lenda do surgimento do Orixá Aje SalugaQuando se encontrava no céu perto de Mawu, o caramujo Aje se chamava Aina e era do sexo feminino. Naquela época, Fa Ayedogun passava por sérias dificuldades financeiras e, por ser muito pobre, não era convidado a participar de qualquer festa ou reunião social. Aina, recém nascida, era muito feia. Sua aparência terrível fazia com que todos evitassem sua companhia e ninguém aceitava tê-la em casa. Depois de ser rejeitada em todas as casas, Aina bateu na porta de Fa Ayidogun, que apesar do estado de miséria em que se encontrava, acolheu a menina. Uma bela noite, Aina acordou Fa, anunciando que estava prestes a vomitar. O hospedeiro apresentou-lhe uma tigela para que vomitasse, mas ela recusou-se. Uma cabaça foi trazida e também recusada e depois, uma jarra foi objeto de nova recusa. Fá perguntou então, o que poderia fazer para ajudá-la e Aina disse: "Lá no lugar de onde venho, costuma-se vomitar todos os dias, no quarto. Conduzida ao quarto, Aina começou a vomitar todos os tipos de pedras preciosas, brancas, azuis, vermelhas, verdes, etc. Naquele momento, um marabu que passava, penetrou na casa de Fá e perguntou por Aina. "Ela está no quarto, acometida por uma crise de vômitos." Respondeu Fá. O estrangeiro foi ver o que se passava e ao deparar com Aina vomitando pedras preciosas, exclamou: "Ha! Nós não conhecíamos os poderes de Aina, hoje revelados!" Disposto a serví-la, colocou-lhe o nome de Anabi ou Ainayi, que em Yoruba quer dizer: Aina vomita, Aina deu toda riqueza a Fá Ayidogun. Os muçulmanos, depois disto, fizeram de Aina uma divindade, conhecida entre eles, como Anabi
Texto ObaniseAdaptado Lokeni Ifatolà

quarta-feira, 16 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

AGUA É LIQUIDO PRECIOSO


ÁGUA É LIQUIDO PRECIOSO


A sensação de sede é mais imperiosa do que a fome, pelo que a vida é mais indispensável à água do que a comida. Assim como o automóvel requer lubrificante, nosso organismo requer água. Se esta lhe falta, há sérios riscos e graves prejuízos para a saúde. Aparecem, então, muitos distúrbios, como ‘peso no estômago’, inapetência, dispepsia, preguiça intestinal e indisposição geral. Livremo-nos, pois, das desagradáveis conseqüências da ‘sequidão’ no nosso corpo, e procuremos desenvolver o hábito salutar de beber água em quantidade suficiente, lembrando-nos de que no verão é necessário tomar esse líquido mais que no inverno. Uma pessoa adulta perde quotidianamente dois litros ou mais, que são expelidos em maior parte pela urina, pela respiração, pela transpiração e pelas fezes.

Cerca de um litro nos é fornecido, cada dia, pelos alimentos que tomamos, mormente pelas frutas e hortaliças. Os restos devem prover, bebendo seis ou oito copos de água por dia. De praxe é bom beber dois copos em jejum, dois entre o desjejum e mais dois entre o almoço e o jantar. E quanto espaço se deve deixar tanto antes como depois de cada refeição? O essencial é e tomar água uma hora antes, ou duas horas depois. Nunca durante as refeições. Se a comida, no estômago, for encharcada, a digestão será prejudicada.

Em muitos casos, a água de poço é melhor do que a água de torneira, mas requer precauções. A água exerce ainda outras funções de grande importância no organismo: regulariza e distribui o calor, segundo a sua maior ou menor evaporação pelos pulmões e pela pele. Pelos pulmões, eliminamos aproximadamente meio litro de água por dia. A evaporação pulmonar tira-nos cerca de 15% do calor do organismo. Na composição dos tecidos, também, a água está presente, como parte integrante das moléculas protéicas, na formação do plasma sanguíneo, na linfa e nos demais rumores do organismo.

Alguns regimes de emagrecimento prescrevem um mínimo de água. Isto é um erro. Quem adota um regime de emagrecimento deve beber mais água do que de costume. As células de gordura que se desfazem sob as dietas, fornecem muitos detritos ácidos que necessitam ser expulsos. Impondo, com isso, às glândulas sudoríparas e, principalmente, os rins, que requerem muito mais deste precioso líquido – a água.


TODAS AS ÁGUAS DO MUNDO
Ìyá Sandra Medeiros Epega
"A princípio o mundo era líquido.
A frente do mundo era água, o fundo do mundo era água."
Vieram os Òrìsà, trouxeram uma estranha matéria castanha, que foi espalhada sobre a água com a ajuda de uma galinha de cinco dedos, de um pombo e de um grande caracol. Òrìsà Osumare, o Arco íris, transformou-se em uma imensa cobra e arrastando-se sobre a Terra recém criada, determinou a geografia do planeta, fez vales e grandes cordilheiras, planícies e pequenos montes, ao redor da imensidão dos mares e oceanos.
A água escasseou. Vieram os Òrìsà morar por um tempo na Terra, e todas as Deusas, chamadas Ayabá (aya – esposa, Oba – Rei), quando voltaram ao Orun (mundo ancestral), transformaram-se em rios e lagos.
A chuva se fez presente, enchendo os rios, e mantendo-os fartos e cheios rumo ao mar. Água bendita da vida, água mágica que dá nome à nossa descendência.
E os homens, moradores da Terra, criados pelos Deuses para cuidar de Ilu Aiye (o planeta Terra) e adorar os Òrìsà, foram incumbidos de zelar por sua moradia. As águas não poderiam ser sujas ou não dariam peixes, alimento que significa para homens e Deuses a liberdade. Nada seria jogado nos rios a não ser ebo (oferendas) vindos da natureza, como grãos, folhas, raízes, frutas que, sendo oferecidos aos Òrìsà moradores dos rios, serviriam de alimentos a seus filhos diletos, os peixes.
Se um ser humano quisesse dar outro tipo de oferenda, ela seria colocada na margem do Rio. E o Òrìsà a quem fosse oferecida, iria escolher um outro ser humano para achá-la e utilizá-la em seu nome.
E assim, os Templos se ergueram na beira dos rios e vasilhas de alimentos, dinheiro, roupas e objetos de metal eram colocados como ebo no seu interior, em local de fácil acesso, onde os pobres e necessitados poderiam ir buscá-las.
E Ibu Odo, o local mais profundo do Rio, só recebia ebo que os peixes pudessem comer e digerir, sempre louvando os Òrìsà.
Okun, o oceano, não foi tão cauteloso. E os homens davam tudo ao mar. Oceano, em sua imensidão tudo aceitava. Até que um dia Olokun, deusa do mar (cuja união com Oduduwa, o planeta Terra, deu origem a quase todos os deuses), e sua filha Yemoja (mãe dos filhos peixes), rainha das águas rasas do mar e do delta do rio, se revoltaram e vomitaram toda sujeira acumulada em suas casas.
E os homens que viviam da pesca aprenderam a não sujar o mar, morada dos Deuses, porque a ira dos Òrìsà atrapalhava a pesca, tornava o mar bravio, chegando até a virar os barcos e a matar os pescadores. Olokun brava, oceano bravio. Yemoja brava, mar raso bravio. Melhor não dar razão para isso acontecer.
Por milênios, os seres humanos, as lagoas, as cachoeiras, os mares, os rios e o imenso oceano viveram em paz e harmonia.
Os homens nasciam e renasciam, as vilas e cidades cresciam e aumentavam. Surgiu a tecnologia e o ser humano parou de escutar os ensinamentos dos Sacerdotes e dos mais velhos, deixou de se preocupar com a natureza limpa, com a moradia perfeita a eles oferecida pelos Òrìsà.
O ser humano se esqueceu da sacralidade das águas, e sua sujeira, seu lixo e seus dejetos imperam no reino liquido dos Òrìsà, que se recusam a receber ebo em casas destruídas pela poluição.
Mares e rios, matas e ares sujos e poluídos desagradam os deuses e comprometem nossa descendência. E a previsão de Orunmila (deus do oráculo Ifá) para 1999, avisa os seres humanos que a natureza está brava e os Deuses aborrecidos. Ilu Aiye, que nos foi confiado como um presente dos Òrìsà, encontra-se sujo e tristemente poluído.
Água é sagrada, fonte de vida do recém nascido, matéria prima que ajuda a moldar os homens, elemento essencial à vida humana, moradia de Deuses e Ancestrais. Água limpa, casa limpa, Òrìsà satisfeito, ebo recebido. Ou voltaremos ao início de tudo:
" A princípio o mundo era líquido.
A frente do mundo era água, o fundo do mundo era água."

sexta-feira, 4 de abril de 2008

OSUN A DONA DA BELEZA E DAS RIQUEZAS


“senhora da beleza e das riquezas” Oxum. Todos se levantam para admirá-la, e , em passos miúdos e graciosos, começa a evoluir em uma dança que empolga a todos os presentes. Começa assim a evoluir uma dança graciosa ao som dos Ilús......

A ri ide gbé o !!! Aquela que consegue fazer soar as pulseiras como uma canção.
Omi ro a!! wàrá-wàrá omi ro Soam como o barulho das águas rápidas.
O fi’de se’mo l’Òyó Ela balança as pulseiras em Oyó.
Omi ro a!! wàrá-wàrá omi ro Soam como o barulho das águas rápidas.
O fi’de se’mo l’owo Ela balança as pulseiras com respeito.
Omi ro a!! wàrá-wàrá omi ro Soam como o barulho das águas rápidas.
O fi’de se’mo l’òrun Ela balança as pulseiras no Orun.

Oxum, orixá vaidosa e feminina, suas pulseiras lembram o murmúrio das águas dos rios, quando ela vai banhar-se faceira, exibindo sua riqueza e encanto. A palavra Wàrá-wàrá, além de significar rapidamente, tem o sentido de uma onomatopéia, que lembra o ruído das águas, como das pulseiras de Oxum no cântico.

Òsun e lóolá imolè lóomi Oxum, senhora que é tratada com todas as honras.
Òsun e lòolá Senhora dos espíritos das águas
Ayaba imolè lòomi Oxum, senhora que é tratada com todas as honras.

Yèyé yé olóomi ó, yèyé yé, Mãe compreensiva, dona das águas
Olóomi ó...

Ayaba balè Òsun A grande mãe Oxum toca (reverencia) o chão ( a terra ).
Ayaba balè Òsun

Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro A mãe do rio a quem cultuamos nos protegerá.
Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro Mãe que nos guiará nas tradições e costumes.

Os cânticos reverenciam a Senhora dos espíritos das águas e dos rios. Foi na beira de um riacho que o Rei Larô, o primeiro Ataojá, título dos Obás da região de Ijexá, na Nigéria, fez um pacto com este Orixá. Sob a forma de peixe, ela dirige-se ao rei, que faz construir, neste local mítico, o templo de Oxum, em Osogbo, onde ainda se cultua o orixá Oxum. Os iyêiyê, aves míticas ligadas aos ancestrais femininos, são lembrados também nos cânticos e de forma especial nas louvações dedicadas a Oxum – ora Iyêiyê ô – saudando uma das mais prestigiosas e muitas vezes temida, mãe ancestral. Dela também se diz ser a grande feiticeira.

E MAIS UM CÂNTICO ECOA.....

Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà Ibá iawó(cabaça contendo tecidos, roupas. alimentos e pertences
Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà da noiva)é para Oxum no dia do seu casamento.
Àwá sin e ki igbá réwà réwà Nós cultuamos a formosa noiva que recebeu linda cabaça de
Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà presente de casamento. Oxum estava linda no dia do seu casamento.

O Ibá Iaô, a cabaça da noiva, pode também aludir a um outro tipo de aliança ou de compromisso. Como as noivas de hoje e de antigamente, os Iaôs, quando de sua iniciação preparam seu enxoval , recebendo também presentes dos mais próximos de sua futura família mítica, para que este possa brilhar no dia da cerimônia do enlace ou da sua iniciação. Lentamente a senhora dos rios, despede-se dos convidados

MOÇA RICA E A MOÇA POBRE


Moça rica e a pobre
A Moça Rica e a Pobre Era uma moça muito bonita que morava num palácio. Tinha também uma moça bonita, porém muito pobrezinha, que veio com sua velha mãe pedir proteção à rica, para fazer uma cabana ali encostada no muro do palácio. Mas ela era “omòrìsà”(votada ao culto dos òrìsàs); no fundo do quintal tinha um rio e na beira do rio um pé de orobó que servia para tirar e fazer obrigação.De manhã ela ia para beira do rio, tirava uma cesta de orobó e colocava no pé de seus Òrìsàs.No dia seguinte comia com a sua mãe. A moça rica nem mandava os restos da sua cozinha para elas. Nenhuma das duas tinham homens dentro de casa (para prover sua manutenção), mas iam vivendo.A moça rica, um dia ficou à espiar para ver como elas viviam sem lhe pedir nada (ojú kòkòrò=inveja, ciúme). Viu a moça varrer o terreiro, limpar a cabana, lavar a roupa e sair para o rio. Viu ela voltar com os orobós. Foi lá no fundo do pátio, trepou no muro e viu o pé de orobó. Então a moça rica disse que ia acabar com aquilo. Mandou chamar a moça pobre em seu palácio. Perguntou: Como é que você vive? Não tendo marido e como faz para poder viver! Aí a moça pobre lhe disse: “Eu sou Omòrìsà”. Ela perguntou: “Adora seus Òrìsàs?Como você pode realizar obrigação? Ela lhe disse: “Trago orobó à Eles”, Ela perguntou: É só com isso que você os alimenta? A moça pobre lhe respondeu: “É”. Quando a moça pobre saiu ela disse: Você vai ver se tira mais orobós...” No dia seguinte, cedinho, a moça rica foi lá e tirou todos os orobós, naquela ganância, encheu um balaio. Carregou o balaio e jogou tudo em cima de seus Òrìsàs. Quando a moça pobre foi lá, não havia mais orobó. Olhou para o rio, assim muito triste e viu, que ainda tinha um só lá na ponta de um galho. Subiu no pé de orobó e quando depois de muito trabalho já ia pegando nele, ele caiu no rio. Ficou dentro da água subindo e descendo assim. Aí ela disse: “Orobó mim, ele caiu dentro da água; era para eu dar aos meus Òrìsàs”. Mas o orobó continuou dançando na água e se afastando com a


continuando....
a correnteza.Ela corria atrás pela beira do rio cantando: “Orobó mim so sá, emim kodan kodan so sá, orobó mim so sá.”O que quer dizer: “Orobó venha para onde eu estou; tenha compaixão de mim.” Quanto mais ela cantava, mais ele saltava na água e ia dando aqueles pulinhos para adiante, na correnteza.E ela atrás, cantando...Estava descalça, com roupa de casa, os cabelos soltos. Foi quando o orobó chegou num redemoinho e ela vendo que ele ia embora mesmo, ajoelho-se e tornou a cantar. Estava nesta agonia quando ela ouviu aquela voz lhe dizer: “Que estais fazendo aí minha filha?” Era um velho(Bàbá aribò) ou um verdadeiro Abuké-Kuajá(Òrìsàlá velho e fraco); pediu que levasse ele em casa e ela se pôs a ajudar o velho e se esqueceu do orobó.Foi levado o velho, e ele se fazendo de mais bambo do que era e de mais pesado. E ela, com toda a paciência, ajudando o velho, até que chegaram em sua casa. Era uma casa toda suja.Colocou o velho na cama. Tinha só uma galinha branca no terreiro. Meu velho, estais com fome? Perguntou. Ela varreu toda a casa e procurou comida mas só achou arroz e cebola.Pegou a galinha e matou e procurou o sal...Não tinha. Aí ela pensou! Ele é velho, come assim mesmo. Desfiou o peito da galinha e foi dando a ele para comer. O velho aí fazia a boca mais mole. A baba escorria pelo canto da boca e ela enxugava e ia dando a ele de comer. Ele comeu o arroz e a parte da galinha. Ele já tinha mandado colocar sua touca assim num canto em cima de um banco, para poder comer. Depois de comer ele se pôs a gemer. Ela estava terminando de arrumar a casa. Veio ver o que era. O velho então levantou a perna e mostrou uma ferida enorme. Ensinou que ela tirasse pimenta e fizesse uma cataplasma. Mas ela teve pena e fez somente uma lavagem da ferida.

continuando....
Viu, uma bola branca no canto...Efum(giz) e pensou: deve ser é um sedativo: colocou em cima da ferida e o mesmo perguntou: Cadê a pimenta? Ela disse, já coloquei, depois contou a sua história. Quando ela terminou o velho disse, todo dengoso, que levantasse ele. Ela levantou o velho, calçando-lhe as costas com travesseiros. Olhou para moça pobre e lhe disse: Minha filha, coloque a touca na minha cabeça.Quando ela levantou a touca era um enorme orobó. A moça pobre ficou muito contente, e o velho lhe disse que, ao sair de sua casa, voltasse pelo mesmo caminho. Disse: Você irá ver três cuias no rio. Não ligue. Siga o seu caminho. Encontrará outro que vem para beira do rio.Pegue ele e abra ali mesmo, mas não olhe para trás. Mais adiante encontrará três cuias gritando como os primeiros: caminhe, caminhe, caminhe. Deixe eles. Depois encontrará três outros que vêm para beira do rio. Pegue eles e só abra em casa. Depois disso ele despediu-se da moça pobre, dizendo: Deus lhe acompanhe e que lhe faça feliz. E voltou a lhe dizer, no mundo poucas pessoas se encontra com a sua paciência. Quando a moça pobre deu por ela, o velho havia desaparecido. Ela saiu e encontrou as três cuias gritando “caminhe, caminhe, caminhe.” Disse: -- Sai-te e continuou o caminho. Depois encontrou um só. Pegou ele, quebrou e não olhou para trás.Era uma riqueza que saiu acompanhando ela... Encontrou os três gritando de novo. Nada. Nem ligou. Encontrou os dois, pegou e quebrou. Saíram carruagens, criados, vestidos, tudo que havia de melhor e foram acompanhando ela, sem ela ver. Encontrou os outros três gritando, mas não pegou. No fim apareceram os três que vinham para a beira do rio. Ela pegou e levou para sua casa. Quebrou lá dentro de casa e era dinheiro que afoga ela e a sua mãe. Os fofoqueiros aí disseram que não era dela aquilo tudo e sim da moça rica. Foi à frente da moça rica e contou tudo, mas contou ao inverso. “Ejónilé”.A moça rica não dormiu nessa noite. De manhã foi até a beira do rio, pegou um orobó
continuando....
e jogou dentro da água. Saiu atrás, do mesmo, até chegar no redemoinho. Aí veio o velho novamente. Ela disse para si mesma: Não gosto de velho...Depois lembrou-se. Ah! É o velho da história.Pegou ele resmungando e quando o velho se fazia de mais mole ela se zangou com ele. Pegou de qualquer jeito e jogou na cama. Deu à ele pouca água, fez comida mal feita. Quando o velho lhe mostrou a ferida ela botou pimenta. O velho chorou. Aí ela disse: Você ontem levou pimenta e não reclamou... Quando chegou na hora dela ir, o velho disse tudo igual à outra, mas não disse: A felicidade te acompanhe.Quando apareceram logo as três primeiras cuias gritando: caminhe, caminhe, caminhe, ela disse: esse velho quer me enganar...À outra ele não disse que deixasse esses... Aí pegou os três e quebrou na beira do rio. Eram três “cães de rabo”. Pegou os outros três e era tudo o que não prestava que saía também atrás dela, sem ela ver. Depois ela pegou os três mais e levou para casa. Quando chegou em sua casa, quebrou e saiu uma serpente devoradora que comeu ela e tudo que possuía e o seu palácio desabou.Provérbio: “Não humilheis os outros para não serdes humilhados.”

LENDAS DE EXU II


II EXÚ – Um Orishá Muito Polémico Por Ìyá Sandra Medeiros EpegaAtoto arere. Ifá fe f'oun e dake. Orunmilá e Exú eram amigos, mas disputavam entre si o poder. Houve uma guerra na cidade de Ajala Eremi. Tendo isso chegado ao conhecimento de Exú, por seus seguidores que invocavam-no e pediam a sua ajuda, ele correu a Orunmilá para contar a novidade. Orunmilá ficou curioso de saber como Exú já sabia da guerra, uma vez que a cidade era longe e parcos os recursos. Exú, muito vaidoso, disse saber tudo, em virtude de seus poderes, e completou - "Vamos lá salvá-los". Viajaram juntos, e chegando à Ajala Eremi, ajudaram o povo a vencer a guerra, e foram reverenciados e louvados. Na volta, Exú disse a Orunmilá - "Você vai ver, a minha magia é maior que a sua". Orunmilá riu, disse que seus poderes eram bem maiores, e disse também: "Ki okunrin ma to ato rin Ki obinrin ma to ato rin Ki awo eni ti aso re yio rin". "O homem fica em pé e urina andando A mulher fica em pé e urina andando Vamos ver a roupa de quem fica molhada primeiro".Com essas palavras ele desafiou Exú. Caminharam muito até que anoiteceu, e pararam em Ileto (pequena cidade baale - aldeia pobre). Orunmilá pediu aos mais velhos pousada por uma noite para ambos. O Rei permitiu que dormissem e determinou em que casa ficariam. No meio da noite, estando Orunmilá dormindo, Exú acordou bruscamente. Exu saiu para o pátio, foi ao local onde as galinhas dormiam, agarrou o galo pelos pés, torceu-lhe o pescoço, arrancou-lhe a cabeça e enfiou no bolso. Fez uma ótima e solitária refeição com a carne e alguns inhames, pimentas, tomates e cebolas que achou nos campos, temperou tudo com óleo dendê, bebeu vinho de palma e completou com litros e litros de água fresca. Voltando à casa, chamou Orunmilá, e disse -" Vamos embora depressa". Orunmilá acordou estremunhado, e ainda tonto, achou que era de manhã, e seguiu com Exú pela estrada como bons amigos. Em Ileto, assim que amanheceu, descobriram a morte do galo, a fuga dos hóspedes e o povo, revoltado, decidiu persegui-los. Juntaram os Ode (soldados). Correram atrás de Exú e Orunmilá e alguém lembrou que Exú usava uma roupa de búzios (símbolo de magia). Exú sabia que o povo de Ileto e os soldados vinham em sua perseguição. Olhava para trás e ria. Falou a Orunmilá -"O povo vem aí, traz lanças, facas e soldados. Mostre a força de sua magia agora". Orunmilá, sempre muito calmo, disse a Exú -"A mim não pegam. Eu adivinho que você matou o galo e comeu-o, porque o sangue pinga de seu bolso". E disse "A ki gbo iku a fibi oba sa". ("Não se pode ter má notícia da terra. Ela não morre".) Depois de proferir estas palavras mágicas, Orunmilá disse a Exú:-"Agora você dá a solução".Exú sugeriu que subissem em uma árvore sagrada (ikin), de cuja madeira são feitos instrumentos para o culto, e esperassem para ver os Ode passarem. Os soldados e o povo viram o sangue, e revistando a árvore acharam Exú lá em cima, junto com Orunmilá. Alguns ficaram de guarda à árvore, enquanto outros foram buscar machados e facões para derrubá-la. Quando começaram a cortar a árvore, Exú riu e disse a Orunmilá:- "É agora! Vamos cair os dois, faça a sua magia, eu faço a minha e veremos qual o poder maior". A árvore caiu. Orunmilá se enterrou no chão e virou água. Exú bateu no chão e virou pedra. O povo e os Ode procuraram e não acharam ninguém. O lugar virou uma grande confusão, com todos gritando e se acusando mutuamente. Os que estavam sedentos, viram a água que era Orunmilá, beberam dela e se acalmaram. Os que estavam cansados sentaram na pedra que era Exú e ficaram agitados. E daí para a frente, dois tipos de pessoas se criaram no mundo, os calmos e os agitados. E todos que jogam Ifá (antigo sistema yorubá de adivinhação), têm que cultuar Exú e Orunmilá.

LENDAS DE EXU I


I Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela actividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

SIGNIFICADO DO CANDOMBLE


HISTÓRICO

O Candomblé é uma religião originária da África, trazida ao Brasil pelos negros escravizados na época da colonização brasileira. A presença das religiões africanas é uma conseqüência imprevista do tráfico dos escravos, que determinou a afluência de cativos Gegês e Nagôs (Daomeanos e Yorubás), trazidos da Costa dita dos Escravos e desembarcados, principalmente, na Bahia e em Pernambuco.
A extraordinária resistência oposta pelas religiões africanas às formas de alienação e de extermínio haveria de surpreender. A religião foi tolerada porque os senhores julgavam as danças e os batuques simples divertimentos de negros nostálgicos, úteis para que eles guardassem a lembrança de suas origens diversas e de seus sentimentos de aversão recíproca.
O Candomblé se difundiu no Brasil no século passado, com a migração de africanos como escravos para os senhores de terra. A população escrava no Brasil consistia quase totalmente de negros de Angola. No momento da chegada dos nagôs, um século e meio de escravidão havia passado, distribalizando o negro e apagando seus costumes, crenças e sua língua nacional. Mas o elemento africano, resistiu e criou uma forma de cultuar seus deuses através do sincretismo com os santos católicos.
Mesmo levando em conta a pressão social e religiosa, era relativamente fácil para os escravos, na sonolência geral, reinstalar na Bahia as crenças e práticas religiosas que trouxera da África, pois, a igreja católica estava cansada do esforço despendido na criação de irmandades de negros como tentativa de anular toda sua cultura, mas todos os meses novas levas de escravos, adeptos ao culto aos Orixás, desembarcavam na Bahia.
Por volta de 1830 três negras conseguiram fundar o primeiro templo de sua religião na Bahia, conhecida como Ylê Yá Nassó, casa da mãe Nassó. (Nassó seria o título de princesa de uma cidade natal da costa da África). Esta seria a primeira a resistir às opressões católicas, desta casa se originam mais três que sobrevivem até hoje e que fazem parte do grande Candomblé da Bahia, sendo elas: O Engenho velho ou Casa Branca, Gantóis, cuja ilustre dirigente foi mãe menininha do gantóis (falecida em 1986) e do Alaketu.
Os Candomblés se diversificaram desde 1830, a medida que a religião dos nagôs se firmava, primeiro entre os escravos e for fim, no seio do povo. Hoje há quatro tipos de Candomblé ou Candomblé de quatro nações: Kêtu (povo nagô), Jêje (povo nagô, mas obedientes a uma outra cultura), Angola-congo (povo bantu, este culto é mais abrasileirado) e de caboclo (cultuam mais os caboclos, mistura-se com a Umbanda).
O Candomblé baseia-se no culto aos Orixás, deuses oriundas das quatro forças da natureza: Terra, Fogo, Água e Ar. Os Orixás são, portanto, forças energéticas, desprovidas de um corpo material. Sua manifestação básica para os seres humanos se dá por meio da incorporação. O ser escolhido pelo orixá, um dos seus descendentes, é chamado de elegum, aquele que tem o privilégio de ser montado por ele. Torna-se o veículo que permite ao orixá voltar à Terra para saudar e receber as provas de respeito de seus descendentes que o evocaram. Cada orixá tem as suas cores, que vibram em seu elemento visto que são energias da natureza, seus animais, suas comidas, seus toques (cânticos), suas saudações, suas insígnias, as suas preferências e suas antipatias, e aí daquele que devendo obediência os irrita. A síntese de todo o processo seria a busca de um equilíbrio energético entre os seres materiais habitantes da Terra e a energia dos seres que habitam o orum, o suprareal (que tanto poderia localizar-se no céu - como na tradição cristã - como no interior da Terra, ou ainda numa dimensão estranha a essas duas, de acordo com diferentes visões apresentadas por nações e tribos diferentes). Cada ser humano teria um orixá protetor, ao entrar em contato com ele por intermédio dos rituais, estaria cumprindo uma série de obrigações. Em troca, obteria um maior poder sobre suas próprias reservas energéticas, dessa forma teria mais equilíbrio

quarta-feira, 2 de abril de 2008

LENDAS DE OSUN V


Diz o mito que Oxum era a mais bela e amada filha de Oxalá. Dona de beleza e meiguice sem iguais, a todos seduzia pela graça e inteligência. Oxum era também extremamente curiosa e apaixonada. E quando certa vez se apaixonou por um dos orixás, quis aprender com Orunmilá, o melhor amigo de seu pai, a ver o futuro. Como o cargo de oluô (dono do segredo) não podia ser ocupado por uma mulher, Orunmilá, já velho, recusou-se a ensinar o que sabia a Oxum. Oxum então seduziu Exu, que não pôde resistir ai encanto de sua beleza e pediu-lhe roubasse o jogo de ikin (cascas de coco de dendezeiro) de Orunmilá. Para assegurar seu empreendimento Oxum partiu para a floresta em busca das Iyami Oshorongá, as perigosas feiticeiras africanas, a fim pedir também a elas que a ensinassem a ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exu há tempos, não ensinaram Oxum a ver o futuro, pois sabiam que Exu já havia roubado os segredos de Orunmilá, mas a fazer inúmeros feitiços em troca de que a cada um deles elas recebessem sua parte. Tendo Exu conseguido roubar os segredos de Orunmilá, o deus da adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os segredos do oráculo e lhe entregou os 16 búzios com que até hoje as mulheres jogam. Oxum representa, assim a sabedoria e o poder feminino. Em agradecimento a Exu, Oxum deu a Exu a honra de ser o primeiro orixá a ser louvado no jogo de búzios, e entrega a eles suas palavras para que as traga aos sacerdotes. Assim, Oxum é também a força da vidência feminina. Mais tarde, Oxum encontrou Oxóssi na mata e apaixonou-se por ele. A água dos rios e floresta tiveram então um filho, chamado Logun-Edé, a criança mais linda, inteligente e rica que já existiu. Apesar do seu amor por Oxóssi, numa das longas ausências destes Oxum foi seduzida pela beleza, os presentes (Oxum adora presentes) e o poder de Xangô, irmão de Oxóssi, rompendo sua união com o deus da floresta e da caça. Como Xangô não aceitasse Logun-Edé em seu palácio, Oxum abandonou seu filho, usando como pretexto a curiosidade do menino, que um dia foi vê-la banhar-se no rio. Oxum pretendia abandoná-lo sozinho na floresta, mas o menino se esconde sob a saia de Iansã a deusa dos raios que estava por perto. Oxum deu então seu filho a Iansã e partiu com Xangô tornando-se, a partir de então, sua esposa predilecta e companheira quotidiana.

LENDAS DE OSUN IV


VI Houve um tempo em que os orixás masculinos se reuniam para discutir sobre a vida dos mortais e não deixavam as deusas participarem das decisões. Aborrecida com isso, Oxum fez com que as mulheres ficassem estéreis e então tudo deu errado na terra. Os orixás foram consultar Olorum e ele explicou que sem a presença de Oxum com seu poder sobre a maternidade, nada poderia dar certo. Os orixás, então, convidaram Oxum para participar das reuniões: as mulheres voltaram a ser fecundas e todos os projetos dos orixás tiveram bom resultado

LENDA DE OSUN III


Orê Yeyê ô!Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre. Este metal era muito precioso, antigamente, na terra dos iorubás. Se uma mulher era elegante, possuía jóias de cobre pesadas. Oxum era cliente dos comerciantes de cobre. Omiro wanran wanran wanran omi ro!"A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!"Oxum lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Obá.Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro.Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as ligava. Oxum não toleraria uma tal ousadia! Quando ela está em fúria, ela leva para longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio.Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para a gerra. Por infelicidade, tinha que atravessar o rio num dia em que este estava encolerizado. Olowu fez a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal formulada. Ele declarou: " Se voce baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar vencedor, prometo a você nkan rere", isto é, boas coisas.Oxum compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela Baixou o nível das águas e Olowu continuou sua expedição.Quando ele voltou, algum tempo depois, vitorioso e com um espólio considerável, novamente encontrou Oxum com o humor perturbado. O rio estava turbulento e com suas águas agitadas. Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, as nkan rere prometidas: tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos. Mel de abelhas e pratos de mulukun, iguaria onde suavemente misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as margens. Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia. Olowu foi obrigado a submeter-se e jogar nas águas a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio.Oxum, escrupulosamente, devolveu o recém-nascido dizendo: "É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!". As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra.O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de sua filha, indignado declarou: "Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio que eu a dei em casamento a Olowu!" Ele guerreou com o genro e o expulsou do país.

LENDA DE OSUN II


O Rio Oxum passa em um lugar onde suas águas são sempre abundantes. Por esta razão é que Larô, o primeiro rei deste lugar, aí instalou-se e fez um pacto de aliança com Oxum. Na época em que chegou, uma de suas filhas fôra se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia seguinte, soberbamente vestida, e declarou que Oxum a havia bem acolhido no fundo do rio.Larô, para mostrar sua gratidão, veio trazer-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas proximidades do lugar onde estava Larô. O peixe cuspiu água, que Larô recolheu numa cabaça e bebeu, fazendo, assim, um pacto com o rio. Em seguida ele estendeu suas mãos sobre a água e o grande peixe saltou sobre ela.Isto é dito em iorubá: Atewo gba ejá. O que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar.Ataojá declarou então: "Oxum gbô!""Oxum esta em estado de maturidade, suas águas são abundantes."Dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, aí, grandes festas em comemoração a todos estes acontecimentos.

LENDAS DE OSUN I


XI Conta-nos uma lenda, que Òsùn queria muito aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Èsù, para aprender os princípios de tal dom.Èsù, muito matreiro, falou à Òsùn que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Òsùn sobre os domínios de Èsù durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, entroca ele a ensinaria. E, assim foi feito, durante sete anos Òsùn foi aprendendo a arte da adivinhação que Èsù lhe ensinará e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Èsù.Findando os sete anos, Òsùn e Èsù, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Òsùn resolveu ficar em companhia desse Òrìsà.Em um belo dia, Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Òsùn.Foi-se a tal ponto que Sàngó, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó ? Òsùn rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Èsù.Sàngó então irado por ter sido contrariado, sequestrou Òsùn e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.Èsù, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência.Chegando nas terras de Sàngó, Èsù foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direcção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Òsùn, triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do Rei.Èsù, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para Òsùn desvencilhar-se dos domínios de Sàngó.Èsù, através da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pode então retornar em companhia de Èsù para sua morada.